6 de janeiro de 2016

Aprender a gostar de Tom Waits

O cultivo de árvores de natal é mencionado num poema de T.S. Eliot. É esse o início de um ciclo que agora termina, com o ritual de retirar os enfeites dos ramos já secos, enrolar as luzes e embrulhar as figuras do presépio em papel macio. Depois é só arrastar o pinheiro até ao cemitério das árvores de natal. Por estes dias, há um em cada praça da cidade. As árvores acumulam-se a um canto, sobrepostas, à espera que os serviços municipais venham recolhê-las para um destino final de transformação em lenha. A neve chegou e por isso é mais fácil arrastar o pinheiro pelas ruas. Na entrada da Academia de Belas Artes, um centauro de bronze tem o peito e o dorso cobertos de neve. Começa a ficar escuro. Por ser o décimo segundo dia após o natal, é essa hoje a minha tarefa: arrastar uma árvore pela noite de Viena, com os auscultadores nos ouvidos a aprender a gostar de Tom Waits. Estou quase lá.



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